Com a cabeça nas nuvens
É com alguma frequência que sinto a necessidade de dizer: se eu passar por ti na rua e não te cumprimentar, não leves a mal, é que eu ando muitas vezes perdida nos meus pensamentos, com a "cabeça nas nuvens".
Com isto não quero dizer que vivo constantemente num mundo imaginário, mas tenho um lado um pouco distraído. E creio que tenho facilidade de me abstrair momentaneamente dos espaços e lugares onde me encontro. Ou porque vou na rua a pensar nos afazeres, ou porque vou a contar-me piadas a mim mesma (acontece, e rio-me sozinha em espaços públicos), ou porque simplesmente, viajo. Talvez por isso mesmo esta instalação me agradou tanto. Senti-me identificada, creio.
Esta instalação teve lugar em Montpellier, França, durante o Festival des Architectures Vives neste verão e é da autoria dos arquitectos Mickaël Martins Afonso e Caroline Escaffre-Faure. Durante este festival, foi criado um roteiro, nos quais espaços privados, como pátios e jardins de casas e hotéis foram abertos ao público, e recheados de instalações. Observando o festival, a vida da cidade, o movimento e ruídos inerentes à vida humana, os arquitectos procuraram - sem o recurso a meios digitais - criar um contraponto a toda a envolvente.
Chegados ao pátio, ora sentados em bancos ora de pé, ora sozinhos ora em grupo, os visitantes encontram um ponto de paragem, de silêncio, de escuridão - de repouso. Com a cabeça literalmente nas nuvens - nuvens de balão -, isolados de tudo o que os rodeia, um espaço de paz é encontrado.
Achei interessante a procura deste contraponto, que exigiu um distânciamento e uma observação imparcial dos momentos e do ambiente da cidade. E achei interessante o recurso a elementos e materiais tão simples para criar um ambiente inesperado e simples. Pensando bem, não seria mal pensado ter uma nuvem destas aqui por casa! ;)
:)
bom fim de semana