Uma mulher com Z grande!
Quando estava no meu último ano da Licenciatura em Arquitetura, passei por um episódio importante no meu percurso. Já na reta final do trabalho para a disciplina de Projeto V, apercebi-me de que o meu projeto era totalmente diferente dos projetos de todos os meus colegas. Mas mesmo diferente! Estávamos a trabalhar em Urbanismo, e, apesar de nem todos terem as mesmas áreas de intervenção, recordo-me que haviam regenerações urbanas, edificação nova, intervenção com o habitar. Na minha zona, eu decidi que já havia construção suficiente e que o que faltavam eram espaços comuns para os habitantes daquela zona, espaços de convívio, desporto, um mercado para os agricultores da região, apoio ás indústrias, etc. Então criei um sistema de plataformas alternadas com áreas verdes e espaços que mudam de função consoante a hora do dia e das estações do ano. E estava mesmo a disfruar do que estava a fazer!
No momento me que percebi que o meu projeto era tão diferente de todos os outros, fiquei paralizada! Acreditei que eu afinal não tinha percebido nada do contexto do trabalho, que não fiz o que era suposto, que ia correr tudo muito mal. Ninguém me tinha dito nada disso, mas eu interpretei assim. Ansiedade, insónias e falta de apetite foi o resultado. Acabei o trabalho, ainda que - a partir desse momento - desmotivada, e entreguei. O resultado foi uma nota muito boa! Não me recordo o número exato, mas sei que foi das melhores notas que havia tido a essa disciplina. Porque em projeto, não há só uma verdade, ou uma resposta a determinado desafio.
Esse episódio foi importante porque aprendi a confiar em mim, no meu instinto e no meu julgamento. Sempre sabendo que não sou perfeita e aberta a opiniões e críticas (construtivas) claro! Comecei a ter mais...confiança...e a ser mais fiel a mim mesma.
O que é certo é que nunca é fácil a exposição à crítica - ainda quando é autocrítica. E se há arquiteta que está constantemente debaixo de fogo, neste aspeto, é a Zaha Hadid (atenção, obviamente isto não é uma comparação). Esta é a primeira mulher arquiteta (parece impossível ainda ser necessário reforçar este dado) que ganhou o Prémio Pritzker da Arquitetura - considerado o Nóbel da Arquitetura, foi a primeira mulher arquiteta a ganhar o Royal Gold Medal da RIBA (2016) para arquitetura e soma prémios e projetos construídos.
Glasgow Riverside Museum of Transport
Como qualquer arquiteto que fez história (já li que as coberturas-jardim do Le Corbusier deram uns problemas bonitos, por exemplo), está exposta a críticas.
Podem apontar o dedo aos projetos megalómanos, aos orçamentos exorbitantes, aos problemas de escala ou até à dificuldade de, em obra, realizar as curvas perfeitas. Mas não é qualquer arquiteto que tem um par de...hemisférios cerebrais como ela tem!
(as revistas cor-de-rosa chegaram a rumorear que esta "simples casinha" seria um presente para a Naomi Campbell)
Ela é uma pioneira, ela cria novos espaços e ela é muito boa nas circulações.
Há uma fluidez nos projetos dela, não só a nível plástico mas também ao nível da organização espacial e distribuição programática que é...fenomenal!
E claro, trabalha a todas as escalas! E o design de interiores não lhe é indiferente...
...nem o mundo da moda:
Eu sou uma fã assumida da Zaha Hadid!
Nasceu no Iraque, passou por Amsterdão (pelo OMA do Rem Koolhas) e conseguiu criar a obra construída que se vê. Olé!